quinta-feira, 24 de março de 2016

Quatro pilares dão o termômetro de sua relação amorosa

"Não escolhemos estar em um relacionamento para estarmos sozinhos..."

Na terapia de casal através da TCC, trabalhamos com quatro pilares que nos ajudam a "diagnosticar" como vai a relação, e assim poder trabalhar seus pontos nevrálgicos e traçar um prognóstico. 

As peças-chaves em um relacionamento amoroso são: planos futuros, resolução de conflitos, comunicação afetivo/sexual, companheirismo e identidade de interesses.

Vamos discorrer um pouco sobre cada um:

Planos futuros

Há uma frase de Antoine de Saint-Exupéry (autor do "Pequeno Príncipe) que diz: "Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção." Sob esse mesmo prisma, acreditamos que casais com planos futuros em comum têm mais chance de sucesso na relação, já que planejam suas vidas com objetivos semelhantes. Já quando há planos futuros distintos há mais chance de conflitos e afastamento.

Reflita se em seu relacionamento vocês olham para o mesmo lugar ambicionando situações próximas ou se anseiam chegar em lugares diferentes e não sabem (ou talvez não queriam pensar agora) como farão para "encaixar" essas diferenças na jornada de cada um.

Resolução de conflitos

Casais que competem por ganhar a briga ou por quem é que dá a palavra final ou ainda que resistem em fazer as pazes esperando que o outro venha desculpar-se ou se reaproximar não têm um bom prognóstico. 
Conflitos constantes e, mais que isso, o modo como lidamos com eles podem desgastar e muito um relacionamento. Não há bom sentimento que perdure diante de brigas frequentes. A maneira com que ambos lidam com as diferenças de opinião (gerando ou não uma briga) e, posteriormente, caso a conversa comece a se inflamar, como a resolvem; diz muito sobre a durabilidade e saúde de uma relação amorosa.

Você é do tipo que não dá o braço a torcer? Ou que repetidamente se incomoda com algo, critica e isso resulta em uma discussão? Se seguirem nesse caminho, há uma chance muito grande de dissolução do casal.

Comunicação afetivo/sexual

A troca em um relacionamento amoroso é algo bastante significativo. Se ambos gostam de compartilhar suas ideias um com o outro e sentem-se ouvidos, se percebem que o outro demonstra afetividade, sentem-se queridos, atraídos um pelo outro, tendo um bom entrosamento sexual, essa área caminha muito bem.

Apresentar escassez ou problemas no diálogo entre vocês ou ainda na troca afetiva ou nas relações sexuais merece um sinal de alerta e necessidade de cuidar dessa área, do contrário certamente alguém sentirá falta disso e desejará obter de outra fonte.

Companheirismo e identidade de interesses

Se você gosta de praia e ele de campo, você é do dia e ele da noite, você adora shopping e ele acampar... como participarão da vida um do outro?

Cada um traz para uma relação bagagens diferentes, mas quanto mais ambos tiverem interesses em comum ou toparem incorporar esses aspectos no relacionamento, maior a chance de compatibilidade. Se não houver companheirismo (fazer as coisas juntos, participar um da vida do outro) então mesmo com status de namoro/casamento cada um estará só. 

Se vocês têm pouco em comum ou pouco participam um da vida do outro vale acender o farol vermelho e olhar para isso já! Encontrem interesses em comum e coloquem-nos em prática juntos ou procurem experimentar coisas que ainda não tenham feito para aumentar o leque de interesses de vocês.

Não escolhemos estar em um relacionamento para estarmos sozinhos, buscamos alguém conosco, ao nosso lado; um parceiro para a vida.



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terça-feira, 22 de março de 2016

Raiva: sentimento não é causado pelo outro, mas por frustração

"... meu ego está ferido ..." 


Você já parou para pensar no que faz com que você fique com raiva? Percebe o que há em comum a todas as situações que te deixam com raiva? Pois, tire alguns minutos e reflita. Tente se lembrar do que passou na sua cabeça diante dos eventos que te deixaram bravo(a) ou irritado(a). Agora, questione-se sobre o que as suas percepções apresentam de semelhante.
Pois bem, se buscar um ponto em comum a todas as situações que nos deixam com raiva, teremos o seguinte denominador: alguém não fez algo do modo como desejaríamos que tivesse sido feito. Ou seja, fomos contrariados na nossa vontade.

Todas as situações que filtradas através da nossa percepção resultam em um sentimento de raiva, têm como ponto de interseção a questão de não termos sido atendidos em nossa expectativa, planejamento ou desejo; ou seja, algo saiu diferente do que gostaríamos.

Quando compreendemos isso, podemos dar uma passo além de somente ficarmos bravos, ofendidos ou brigarmos; podemos aprender sobre nós mesmos e sobre a situação e lidar com a mesma de outro modo.

Se compreendo que minha raiva não é do outro, mas de ele ter frustrado minhas expectativas, posso por exemplo, não sair atuando minha agressividade e causar uma briga, discussão ou ainda ofender. Posso também compreender que meu ego está ferido por conta de minha vontade não ter sido atendida ou de eu ter sido contrariado de alguma maneira e resolver o ocorrido de uma maneira menos infantil e mais madura. 

Somente o fato de perceber, nos diferentes contextos do dia a dia, o real motivo de minha raiva, já me empodera a me comportar de outra maneira, já que geralmente ter essa constatação diminui instantemente a raiva, e assim, abre espaço para uma reflexão mais acurada.

Essa é uma estratégia simples, mas bastante poderosa para nos auxiliar a sermos pessoas melhores e construirmos relações mais saudáveis mediadas por muito menos conflitos desnecessários. 

Pratique e perceba o resultado. 




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Por que não consigo obter satisfação no dia a dia?

"Realização dá trabalho e pouco prazer..." 


Percebo atualmente que é muito comum a mentalidade de focar-se na satisfação ou em obter satisfação. O que quero dizer com isso é que muitas pessoas fazem as coisas pensando que por fazê-las, elas merecem receber alguma gratificação. Essa estratégia ajuda na motivação, mas o foco fica no "presente" que virá por ter feito determinada coisa. Trabalhar visando o salário, ajudar alguém visando o agradecimento, arrumar algo visando o elogio, são atitudes perigosas, se comuns e corriqueiras em nossas vidas.

Se nos pautamos na ideia de que precisamos nos gratificar pelas situações pelas quais passamos ou de que "eu mereço X coisa porque fiz Y", passamos a nos relacionar com a vida através de recompensas as quais duram somente enquanto o estímulo estiver lá. Ou seja, depois que o sorvete acaba, o sapato ou o carro já não é mais novo, não temos mais nada que nos agrade. Fica um vazio. E, diante desse vazio, podemos sucumbir a novamente procurar um novo estímulo para preenchê-lo. Assim pode nascer uma compulsão, além de ansiedade, enquanto não se tem aquele "objeto", e até angústia, uma vez que a vida se resume a satisfações momentâneas.

Por outro lado, se passamos a focar mais em obtermos realização, a construção se dará de modo completamente diferente.

Para nos sentirmos realizados, precisamos primeiramente nos conhecer minimamente para saber do que gostamos, que habilidades temos e o que queremos aprender/conhecer mais.
Diferente da satisfação que tem duração de curto prazo, e é algo externo a nós, na realização nós nos empoderarmos, pois fazemos algo o qual, já durante o processo, nos traz bem-estar e, através do resultado construído e atingido por nós - ficamos felizes e gratos. É um sentimento que perdura muito mais, até no futuro quando você se recordar de algo que tenha feito, poderá relembrar da boa sensação sentida na situação.

Fazer coisas que nos realizam é muitas vezes trabalhoso: estudar, arrumar a casa, montar uma miniatura de avião, escrever um livro, tricotar um cachecol... diferentemente da obtenção da satisfação que não requer praticamente esforço nenhum. Esta estratégia contribui para termos um bom autoconceito (autoimagem) e, consequentemente, reforçam a nossa autoestima. É algo que previne a depressão, por conta de trabalharmos nossa crença de capacidade e nos sentirmos mais autoconfiantes, além de termos mais estabilidade emocional, já que esta depende muito mais de nossas ações do que de outros ou de coisas externas a nós.

Para começar a colocar isso em prática é simples: pergunte-se quais são as coisas que lhe são importantes fazer? Não quer dizer que elas te deem prazer a curto prazo, mas sim, que após realizá-las, você se sentirá com sensação de dever cumprido, de que fez a sua parte, de ter finalizado algo significativo para você.

Assistir a um filme é algo que pode nos trazer prazer e satisfação, mas dificilmente é algo que te trará realização, a não ser que você tenha se proposto a assistir àquele filme para fazer algum trabalho com ele ou como alguma meta pessoal. Já arrumar o armário ou levar o carro para a revisão é algo que não traz nenhum prazer em curto prazo, mas após finalizar essa tarefa, você se sentirá bem consigo mesmo, orgulhoso de si.

Então, essa é mais uma dica que difere ambas as coisas: satisfação nos traz prazer no curto prazo, mas o prazer acaba quando o estímulo termina. Realização dá trabalho e pouco prazer, mas uma sensação boa que perdura depois.

Procure ter ambos em sua vida; talvez um pouco mais de realização do que satisfação. Desse modo você viverá de maneira mais plena e equilibrada.


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Por que é comum ouvir dizer que uma criança tem TDAH?

"Algo que temos em comum com a cultura americana é a explosão da utilização dos eletrônicos como smartphones..."


Muito se fala atualmente sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH); virou o diagnóstico da vez para as crianças. Problemas de comportamento, notas baixas na escola e outras dificuldades de modo geral são muitas vezes atribuídas a isso.

O que pode estar por trás dessa atribuição em massa para esse diagnóstico?

Primeiramente vejo que quando há algum "problema do momento" como por exemplo, a dengue, toda diarreia e dores no corpo já são percebidos com um olhar parcial e enviesado influenciados pela frequência dessa ocorrência no meio em que a pessoa vive.

O mesmo ocorre com os transtornos psíquicos mas, com o grande diferencial de que, para "fechar o diagnóstico", não há exames laboratórios e sim, clínicos, ou seja, se observa os sinais e sintomas (o que é visto por todos e só o que a própria pessoa percebe) e, como base nisso, (e no histórico familiar), se estima que a pessoa tenha "X" ou "Y". Por isso tantas vezes é muito difícil para o psiquiatra "bater o martelo" e dizer que a pessoa tem tal transtorno.

No entanto, quando há algum transtorno da moda, não é incomum esse rótulo ser atribuído com menos critério, fazendo com isso que muitas pessoas com questões semelhantes mas, não as mesmas, sejam percebidas e, principalmente tratadas do mesmo modo. Aí há um risco muito grande, pois, já atendi pessoas que, independente de se adequar perfeitamente ou não a um diagnóstico (ou seja, apresentarem todos os critérios necessários para se enquadrar naquele diagnóstico), viveram sob um estereótipo e passaram a se relacionar consigo mesmas e com o mundo através dele. Isso pode diminuir as chances da pessoa construir relações saudáveis, desenvolver comportamentos eficazes e, ser mais plena no seu dia a dia, pois isso a limita a essa "caixinha" e ela acredita que só pode viver desse modo.

Diagnósticos: genética X ambiente 

Uma das questões muito presentes quando se fala em diagnósticos, é levar em conta predisposições (ou seja, fatores hereditários) e os fatores oferecidos pelo ambiente. Com relação a esse último, leva-se em conta doenças ou eventos pontuais e situacionais e, posteriormente, a criação ou educação. Exemplificando: uma pessoa pode provir de uma família onde não haja nenhuma outra pessoa surda (ou seja, nenhum fator genérico conhecido que a predisponha a surdez) mas, contrair meningite quando bebê e desenvolver por conta disso algum grau de surdez. Após esse evento, seus pais mesmo sabendo do diagnóstico; continuarem se comunicando com ela falando... e a colocarem em uma escola de ouvintes. A maneira como essa pessoa lidará com seu diagnóstico e se desenvolverá será completamente diferente de outra pessoa em que após o mesmo evento, passe a ser pouco estimulada e nem seja matriculada em alguma escola (por ignorância dos pais). Esses dois exemplos extremos demonstram o quanto em muitas situações o ambiente dita muito mais as regras do que fatores hereditários.

Quando se trata de transtornos psíquicos isso com certeza é uma grande verdade. Percebe-se que na maioria dos casos, a criação tem muito mais responsabilidade pela saúde mental e emocional das pessoas do que fatores genéticos ou até eventos situacionais (pontuais).

E o que isso tem a ver com TDAH?

Isso tem tudo a ver com TDAH, pois esse é um diagnóstico contemporâneo, construído através de hábitos que temos atualmente. 

Recentemente li um estudo comparativo entre crianças francesas e americanas dizendo que nessas primeiras há pouquíssima incidência de TDAH e no segundo grupo alta incidência. Nesse estudo aponta-se a diferença de educação entre as duas culturas como um dos principais fatores desse resultado.

Algo que temos em comum com a cultura americana é a explosão da utilização dos eletrônicos como smartphones e tablets, inclusive sendo utilizados já por crianças desde muito pequenas. Bebês e crianças são expostas a estímulos que mexem, piscam, apitam, rodopiam e mexem-se muito rapidamente fazendo com que seus olhos movam-se muito rapidamente e seu cérebro responda a eles em ritmo acelerado. Alguns pais, avós e cuidadores apresentam vídeos, joguinhos semelhantes para bebês ainda muito pequenos como forma de distraí-los e, isso aos poucos vai se tornando rotina, até o momento em que os próprios bebês/crianças requisitam os celulares e tablets para brincarem por si sós. 

Sendo hiperestimulados desde muito novos com conteúdos que mudam rapidamente, acabam tendo mais dificuldade em se concentrarem em uma coisa "parada" (como por exemplo um livro) por algum tempo. Fora isso, crianças saudáveis tem mesmo muita energia, mas se não aprendem a correr e brincar como maneira de utilizar seu excesso de energia, podem acabar ficando inquietadas e irritadiças. Isso unido ao vício desenvolvido pelos eletrônicos pode resultar no que vemos hoje muitas vezes: um adolescente que vai mal na escola, tem problemas de comportamento e não sai do celular, do videogame ou do computador.

Assim, compreende-se por que o TDAH parece ser muito mais um transtorno, construído e frio, do meio, do que algo inato à criança?



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A vida é como você a faz; mude você!

"A vida é muito importante para ser levada a sério" 
Oscar Wilde 

Recentemente, uma pessoa que atendo, e em recuperação de uma síndrome de burnout (estresse causado pelo trabalho), me disse após retornar de suas férias: 

- Não adianta ir para um lugar tranquilo se você leva sua cabeça intranquila.
Ela tem toda a razão! Viajar ou ir para onde for irá modificar o ambiente externo e pode até auxiliar retirando a pessoa dos estímulos incômodos, mas se não houver também um trabalho de mudança interna, "o inferno" irá junto com você para onde você for.
Quantas e quantas pessoas atualmente apresentam sintomas de ansiedade: estão com a cabeça cheia de pensamentos em boa parte do tempo; apresentam taquicardia e inquietude física e mental; têm dificuldade em se focar; têm cansaço constante; sentem-se angustiadas etc. Tudo isso é fruto da "pré-ocupação". 

Não adianta tentar fugir dos problemas indo para longe, se você não rever seu modus operandi. Sem isso ser feito, você continuará na companhia das mesmas percepções e sentimentos, já que os levará com você. Faz-se necessário desapegar-se da maneira de "interpretar" e fazer as coisas que te fazem mal. Enquanto o olhar interno for o mesmo, pouco mudará.

Um novo olhar para sua mudança interna

- rever o grau de importância que você dá para o trabalho, família, relacionamento amoroso ou filhos; 

- rever a urgência com que você acha que precisa resolver as coisas; 

- rever o peso que acontecimentos passados ainda têm sobre você; 

- rever sua rotina e hábitos diários; 

- rever se suas escolhas sobre a maneira de enxergar a vida estão sendo úteis e saudáveis para você.
Se há sofrimento, há algo errado ou pelo menos algo que precisa ser aprendido. 

Às vezes precisamos de ajuda de outros para podermos ter insights sobre como ver as coisas de outra maneira, para poder modificar uma crença quem nos acompanha há tempos; para podermos nos "des culpar" (tirar a culpa) sobre algo...
Não permita se acomodar no "a vida é assim mesmo". Temos a opção e a possibilidade de sermos felizes mas, para isso, mais do que mudarmos as circunstâncias externas, precisamos modificar a nós mesmos. As mudanças externas acontecerão como consequência de estarmos diferentes e não permitirmos ou escolhermos mais determinadas coisas. Acredite em você e desapegue-se do que te faz mal!
Portanto, não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo.

A percepção é um resultado e não uma causa."



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Quando você se perde no relacionamento, você se perde de você.

"Se faz necessário você se questionar o que faz com que sua vida gire em torno de outra pessoa" 

A maior parte das pessoas prefere estar em relacionamento do que estar só.
Através de um relacionamento amoroso temos a possibilidade de ter companhia para fazer as coisas, carinho, conversa etc. Todas essas coisas são benéficas e construtivas. Mas precisamos ter em conta que um relacionamento amoroso é mais uma das áreas importantes de nossa vida como: trabalho, vida social, família, hobbies... E por isso não pode ser a única coisa que nos importa ou para a qual direcionamos a nossa energia.
Se o relacionamento nos consome a ponto de nossa vida girar em torno dele, então há algo errado.

Quando você se perde no relacionamento, você se perde de você! 

Essa é uma afirmação muito importante que denota o quanto precisamos ser parceiros e presentes um na vida do outro, mas ainda assim termos outros interesses, encontrarmos com outras pessoas e termos espaço somente para nós individualmente também.

Alerta vermelho

Se você percebe que:

- vive em função do seu companheiro ou companheira;

- que as coisas só têm graça quando o outro está presente; 

- se você se desdobra com frequência para atender as vontades do seu par com medo de que esse se vá; então você precisa ligar um alerta vermelho, pois isso não está saudável para você.

Se faz necessário você se questionar o que faz com que sua vida gire em torno de outra pessoa. 

O que faz com que você não dê espaço também para outras áreas de sua vida? 

O que impede você de se divertir sem a presença do outro?

Estar em equilíbrio é um dos grandes desafios da vida e por isso precisamos estar conscientes de nós mesmos para perceber quando o perdemos. E, quando isso ocorrer, pensarmos em como reencontrar esse equilíbrio, pois do contrário, diante de excessos, certamente problemas ocorrerão. Cabe a nós nos anteciparmos a eles.



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quinta-feira, 10 de março de 2016

Antidepressivos sem terapia não têm efeito, aponta pesquisa

Os estudos mais recentes vêm mostrando que os antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal, mas essa mudança só trará benefícios se acompanhada de uma mudança do paciente – mudança esta obtida através da psicoterapia.
Essa mudança no “hardware” do cérebro só trará benefícios se houver uma mudança no “software” – o comportamento do paciente – algo que não é suprido pelos antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a psicoterapia ou terapias de reabilitação; O alerta está sendo feito pelo neurocientista Eero Castrén, da Universidade de Helsinque (Finlândia).
Plasticidade cerebral
Milhões de pessoas em todo o mundo tomam antidepressivos seguindo receitas de seus médicos, e as empresas farmacêuticas têm faturado bilhões de dólares vendendo essas drogas.
Pesquisas em modelos animais demonstram que os antidepressivos não são uma cura por si só; Em vez disso, o seu papel é o de restaurar a plasticidade no cérebro adulto.
Os antidepressivos reabrem uma janela da plasticidade cerebral, que permite a formação e a adaptação de conexões cerebrais através de atividades específicas e observações do próprio paciente, de forma semelhante a uma criança cujo cérebro se desenvolve em resposta a estímulos ambientais. Quando a plasticidade cerebral é reaberta, problemas causados por “falsas conexões” no cérebro podem ser tratadas – por exemplo, fobias, ansiedade, depressão etc.
A equipe do Dr. Castrén mostrou que os antidepressivos sozinhos não surtem efeitos para esses problemas. Quando antidepressivos e psicoterapia são combinados, por outro lado, obtém-se resultados de longa duração.
“Simplesmente tomar antidepressivos não é o bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões desejadas,” disse o pesquisador. A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.