quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Os quatro elos do sucesso: autoeficácia, autoconceito, autoconfiança e autoestima

"Autoeficácia exerce influência sobre a autoestima"


Segundo Albert Bandura, psicólogo canadense, a autoeficácia é a crença que o indivíduo tem sobre sua capacidade de realizar com sucesso determinada atividade. 

Quanto mais alguém tem uma autoavaliação positiva nessa área, maior sua segurança e autoconfiança, pois sabe da sua força de realização. O contrário também é verdadeiro, duvidar de sua capacidade em realizar ou conseguir algo, influência negativamente na sua autoconfiança.

Autoconfiança é fruto de seu autoconceito, ou seja, do conceito que você tem sobre si mesmo. Se você tem um bom conceito de si mesmo, sua autoconfiança é boa. Se tem uma autoimagem negativa, logo sua autoconfiança já não é tão boa.

E, autoestima é como nos sentimos a nosso respeito. Podemos nos sentir bem a respeito de quem somos ou nos sentir mal.

Após explicados todos esses conceitos e relacionado-os, posso lhes mostrar o quanto a nossa autoestima está ligada às nossas ações (e às percepções que temos sobre estas) e como podemos melhorá-la ou mantê-la em alta.

Se a autoeficácia está relacionada à autoconfiança, autoconfiança ao autoconceito e autoconceito à autoestima. Para se ter uma boa autoestima, precisamos olhar para a autoeficácia, que é o início dessa equação e, desenvolvendo-a, melhoraremos nosso autoconceito, nossa autoconfiança e consequentemente nossa autoestima.

Então o que fazer de prático com essa informação?
É colocar a mão na massa mesmo. Se propor a fazer as coisas. Se você não sabe fazer, tem medo, sente desânimo ou qualquer outra emoção que o desmotive ou dificulte de entrar em ação, você não está sozinho. Mesmo quem é autoconfiante, também sente medo. A diferença é que essa pessoa diz para si mesma que irá conseguir, que precisa se planejar, se organizar, quebrar a coisa em partes menores para ela se tornar mais fácil e viável de ser realizada, busca auxílio, vai atrás de informação, faz parcerias... Enfim, busca soluções e não desculpas. As desculpas nos travam, nos paralisam é só fazem com que nos sintamos inúteis e mal conosco.

Quanto mais você fizer aos poucos as coisas que são importantes para você, até coisas do dia a dia (arrumar a casa, levar o cachorro para passear, lavar a louça) e valorizar (reconhecer) o que está fazendo, mais útil e realizador(a) se sentirá e aos poucos mais e mais seu autoconceito melhorará, assim como sua autoconfiança e autoestima. Isso serve também para as relações interpessoais; caso você acha que não seja bom com elas. Quanto mais você se expor aos poucos, e utilizar as diferentes oportunidades da vida para treinar, e reconhecer os resultados que você está construindo, melhor você ficará com você mesmo.

Em nenhum momento eu disse que é um caminho fácil, mas estou dando o caminho das pedras e dizendo que é possível. Se sua autoestima é algo que te incomoda, então reflita se é mais interessante para você permanecer exatamente aonde está na sua zona de "conforto" e permanecer com o mesmo resultado. Ou se arriscar por um caminho novo e algumas vezes árduo ou difícil, mas com o prêmio de se sentir bem consigo mesmo(a): potente, autoconfiante, seguro(a). A decisão é somente sua, assim como acordar dia a dia consigo mesmo(a).

Reconhecer e verbalizar as dores de ser mãe é um tabú

"Ser mãe é uma delícia mas, não é um conto de fadas como muitas vezes passam a idéia"


É muito comum vermos fotos em redes sociais de mães felizes com deus pimpolhos ou declarações de amor para seus filhos. Sim, tudo isso é verdade! Filhos trazem muita alegria e creio que não há amor maior no mundo, mas, o que pouco se fala ou se mostra, é o outro lado, que não é tão bonito e bem divertido.

Atendo diversas mães de crianças pequenas e gestantes; percebo o quanto é difícil para essas mães poderem reconhecer as dificuldades que passam e seus sofrimentos como a chegada da maternidade. Algumas sentem-se envergonhadas ou culpadas por dizer coisas "ruins" com relação a esse momento tão esperado e outras relatam não terem espaço na família ou entre amigos para falar sobre "as coisas que pegam".

Olhar, reconhecer e verbalizar as dores de ser mãe é um tabú. É comum ouvir frases como "ser mãe é uma benção", "ter um filho é um milagre" ou "ser mãe é a melhor coisa do mundo", o que só ressalta um dos lados da moeda e impede que o outro seja reconhecido ou exposto. Algumas mães me contam de experiências bastante aversivas que tiveram em comentar sobre dor nos joelhos, cansaço, mal-estar enquanto estavam grávidas e serem coibidas em suas falas por profissionais da saúde; por pessoas na rua ou até familiares com o sermão de: "Você é mãe, não pode reclamar, tem que agradecer (ou ficar feliz)" ou ainda com frases como: "Você é mulher, ponha-se em seu lugar e assuma seu papel".

Não estou querendo dizer com isso que não precisamos praticar olhar o lado positivo dos acontecimentos, mas sim, o quanto há pouco espaço para se reconhecer que ser mãe tem os dois lados: as alegrias e as tristezas. Como se falar das dores e sofrimentos diminuísse ou negasse a outra parte.

Toda generalização é burra, pois que eu saiba, nada é absoluto ou só tem um único aspecto. As pessoas e situações são multifacetadas: depende do momento, do contexto e de diversas variáveis. Por isso, generalizar a experiência de ser mãe somente como algo maravilhoso não é uma verdade. 

Se faz necessário começar a abrir mais espaço para nós mães podermos falar sem medo, vergonha ou culpa, tanto de nossas experiências positivas, quanto das dificuldades e sofrimentos. Precisamos abrir espaço dentro de nós e nos permitirmos a isso e, sentindo-nos mais tranquilas com esse discurso, ele fluirá com mais naturalidade. Mas precisamos também saber que as pessoas negarem nosso direito à expressão assertiva de nossos sentimentos é uma violência contra nós, já que proíbe que acessemos o que nos incomoda; e somente assim poderemos trabalhar essas questões.

Não me lembro de minha mãe ou familiares me contarem de quaisquer sofrimentos que tiveram com a maternidade. Quando comecei a falar dos meus, lembro-me de num primeiro momento de negação ou incômodo com meus relatos, mas através disso se abriu um canal de fala e escuta positivos que permitiram aceitar e ressignificar diversas vivências.

Nascer para a maternidade é muitas vezes morrer para a vida anterior, pelo menos da maneira como era antes. Há a perda de algumas atividades, amigos, hobbies, tempo etc. E se esse luto não tem espaço para ser reconhecido e vivido, ele pode tanto se transformar em uma depressão quanto em um mau humor contínuo, dificultando ou impedindo-nos de vivenciar as coisas boas de ser mãe.

Procure espaços para poder se abrir, que seja em grupos de redes sociais, encontros de mães, em um processo terapêutico que te reconheça e te acolha. Quebre a corrente do silêncio e fale da sua verdade. Falar liberta. Se calar aprisiona. Pense nisso. 



Leia este texto também em Vya Estelar.